José Solon Sales e Silva
Titular da Cadeira nª 34
OS ANTÔNIO
Aprendi que não se pluralizam os nomes próprios e os nomes de família, mas bem que gostaria de dizer os Antônios. Eram muito amigos em Ipu. O Antônio Martins e o Antônio Solon.
Eles se tratavam por Charuto, com letra maiúscula, pois acreditavam ser nome próprio deles. Antônio Martins, um ícone, filho de Abílio Martins, homem de letras e de verve aguçada. Antônio Solon outro estudioso, curioso, inquieto com a pesquisa para dar sempre boas aulas. Gostava de pintura e o impressionismo de Renoir era sua predileção.
O Sr. Antônio Martins frequentava regularmente nossa casa, bem entendido casa de meus pais. Os Antônio sentavam-se na sala em duas confortáveis cadeiras de balanço aviadas no puro couro de boi. Conversavam. E como. Fumavam cigarros. Acho que os charutos, como eles se tratavam foram mais atrás. Anos 70 e frequentemente estavam eles, ou na sala de casa, na Av. Abílio Martins, onde morávamos ou no Quadro da Igrejinha. Casa de um, casa de outro.
Minha casa? Quer dizer, dos meus pais era na Praça Abílio Martins, avô de quem admiro o também Abílio Martins, o Lourenço. São muitos os Abílio, são muitos os Solon e são muitos os Antônio.
Seu Antônio Martins tinha muita verve, dizem que herdou do pai. Dizia coisas engraçadas. Dono de uma presença de espírito ímpar. Para tudo tinha uma resposta e resposta segura. Eram homens grandes. Grandes. Bem altos, os Antônio, Martins e Solon.
Lá pelos idos dos anos setenta mudaram-se para Fortaleza, o Martins antes o Solon depois. Os Martins instalaram-se em um sobrado na Av. Duque de Caxias, o Solon na Prof. Nogueira, professor como ele, no Parque Araxá. E iam e vinham. Duque de Caxias e Prof. Nogueira, não tão a miúde como no Ipu continuaram se visitando sempre. O Martins gaiato, o Solon recatado, os dois Antônio ou todos Antônio. Religiosidade. Santo Antônio nascido Fernando vivido Antônio franciscano.
Penso que os Antônio de quem lhes falo foram franciscanos. Melhor que dinheiro era educar bem os filhos e olhem que eram muitos. Francisca, Regina, Socorro, Tomtim, Francisco, Abílio, Francelina, Solon, João Tomaz, Antônio Martins Filho, Adelaide, Joaninha. Que confusão. Pra facilitar a leitura: filhos do Seu Antônio Carvalho Martins com D. Auri Lourenço Martins: Francisca Martins Fontoura, Maria Francelina Martins Aragão, Adelaide Lourenço Martins, Abílio Lourenço Martins, João Tomaz Lourenço Martins, Regina Elizabeth Lourenço Martins e Antônio Carvalho Martins Filho. Filhos do Antônio, o Solon Farias e Silva e D. Maria Farias Sales e Silva: Francisco Antônio de Farias e Silva, Maria do Socorro Silva Martins, Joana Dolores Sales Aragão e José Solon Sales e Silva. Eita proles grandes.
Até diria que foram todos bem criados. Também os Antônio eram danados pelo trabalho, pela garra, pela verve. Antônio, o Martins escrevia e contava piadas, como seu pai o Abílio. Antônio, o Solon, circunspecto, intelectual que escreveu pouco e deixou muito. Homens ímpares, íntegros, ipuenses exemplo. Vaidosos pelas crias que foram muitas quando se juntam as duas proles.
De todos os filhos destes Antônio sou o mais novo. De todos os filhos destes Antônio sou um admirador incondicional do Abílio Lourenço Martins. Vixe, Dona Auri ficaria orgulhosa. Abílio é mais velho que eu mas é o filho do Seu Antônio Martins com quem mais convivo e o admiro pela ética e sobretudo pela ponderação e integridade.
Os Antônio se reencontram. Bom rever os Antônio, Martins e Solon seguindo o bom curso do rio. Penso que eu e Abílio buscamos educar nossos filhos nestes princípios, de honradez, honestidade, amizade e de valores pelo que deve ser valorizado e esta fonte herdamos de nossos Antônio.
Feliz em registrar os Antônio, grandes e corpulentos, não só no tamanho mas sobretudo nas almas. Acima de tudo fizeram marcos no Ipu do século XX, sobremaneira pela honradez.
E viam os Antônio, não só o Martins e o Solon, principalmente o Santo maior do mês de junho.
Cocó, 13/06/2019 - Será dia de Santo Antônio?