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Raquel Lima Damasceno
Titular da Cadeira Nº 33 - Patrono: Antônio Magalhães Martins

 

MAIS UMA AMOSTRA DO CONTEUDO DOS FILHOS DE IPU E SUA GENTE

O CAMINHO DO TEMPO

(Autora: Maria Cleide De Melo Lima Damasceno)

A leitura de sua obra é adentrar no mundo da natureza, do lúdico, do folclore, da infância, do interior (geográfico e, também, mental).

Esse livro contém, em quase 500 páginas, 229 textos originais de Maria Cleide (aqui quantidade e qualidade correspondem); desde narrativas, crônicas, poemas, reminiscências mas, sempre, envoltos na poesia de suas palavras que primam por respeitar e valorizar a língua portuguesa.

A autora detém material para muitos outros livros, pois sua produção independe da publicação, mas do simples prazer de criar novos textos e brincar com as palavras. É seu vício.

Apesar de ter preferência em escrever poemas, Maria Cleide tem uma memória maravilhosa que poderia contar fatos e costumes, de determinados períodos, e preencher muitas páginas com informações que seriam surpreendentes para muitos.

Seu próximo livro, Reflorescer, já está devidamente organizado seguindo a linha da originalidade de seus escritos. Pode-se afirmar que, sem presunção, Maria Cleide tem um estilo próprio, marca dos verdadeiros escritores.

Ela já enveredava nessa seara literária antes mesmo de ser "modinha". Pode-se dizer que, desde sua tenra idade a autora mantinha o “blog" das suas produções e que sempre, foi muito claro para ela, que de uma forma ou de outra seria escritora (mal sabia que já era, independente de publicar seus textos).

Seguem alguns:

ANÔNIMOS (Quem?)

... Os esquecidos, desconhecidos, e reconhecidos, no anonimato.

Os desvalidos da notoriedade!

Seus talentos são semelhantes às pérolas que vivem encrustadas no interior das ostras e no fundo do abismo dos oceanos.

Sabem como ninguém manejar o cinzel: os escultores.

Usa com diligente sabedoria o papel, a caneta, o computador: os escritores, os poetas, os criadores de sonhos!

Tomam do pincel, da tela: os pintores, os desenhistas.

Amolada o barro, a cerâmica, palha, plásticos, ferros, fios, linhas, cordões: os artesãos, bordadeiras, ceramistas.

Na obscuridade da fama, sem o reconhecimento por sua arte, são os anônimos.

No anonimato da vida, também vivem aqueles escondidos, os ocultos das galhardias. Seus talentos e valores passam despercebidos, ficam à margem.

Os párias, os marginalizados, impedidos de participação, fora do âmbito de um reconhecido valor.

Discriminações e preconceitos os estigmatizam, os anulam.

Capacitados pelos talentos natos, arrolados pelo penhor de uma inspiração fecunda, beneficiados por férteis imaginações e mergulhados no anonimato absoluto.

Jogados no ostracismo aqueles que são os detentores dos cabedais de sabedoria, dos privilegiados, fazem parte da caravana dos anônimos.

Os heróis ignorados são verdadeiros artistas que superam aqueles mais notáveis. Os anônimos passam sempre pela passarela dos sonhos.

CADÊ AQUELA CANTIGA (Aonde Anda?)

Onde anda a cantiga "Da rosa e do cravo?"

Responda-me.

Será que vivem de amor?

Cadê a "Terezinha de Jesus?"

... Que meu coração não vê!

Onde anda aquela cantiga?

Da "Ciranda cirandina"?

Rodaram e se sumiram na esquina?

Onde anda "Samba Lelê?"

Adoeceu? Ficou bom?

Para onde foi aquela cantiga?

"Você gosta de mim óh Chiquita?"

Fico triste em pensar que ela entrou em roda antiga e se esqueceu de dançar...

Cadê "A dona Condessa?"

Numa cantiga ao luar, pois já está ficando tarde, antes que escureça!

...e que se esqueça...

Onde anda a cantiga de "Roda castanha e torna a rodar...?"

Será que a castanha ficou tonta de tanto rodar?

Ninguém responde. Ninguém respondeu.

Fiquei no marasmo, na indiferença da resposta vazia.

E continuei:

Onde andam as meninas que de mãos dadas cantavam sob o luar, na inocente e fascinante quadra da infância à pré-adolescência?

Certamente o tempo as tomou pelo braço e as levou para cantarem a cantiga das ilusões e das paixões na fase da melhor e mais encantadora idade.

Então eu senti a mudança que a vida adotou, tangendo para bem longe, na distância do tempo, tudo que ocorreu naquela época.

As cantigas de roda, as meninas e o acalanto da saudade que nunca se soube para onde aportaram...

Evadiram-se os sonhos das brincadeiras de rodas...

Os raios dourados da lua cheia serviram de trampolins do destino na corrente dos tempos...

... Onde anda a cantiga?

... E às meninas?

COMO COMEÇA (Como é?)

Tudo tem uma forma de começar.

Palavras começam com letras.

Muitas histórias se iniciam com "era uma vez".

Quando nascemos temos o nosso primeiro dia de vida extra uterino.

Na escola tem o primeiro dia de aula e o primeiro dia de férias.

Todo começo do mês é dia primeiro e todo início de ano é em janeiro.

E o mundo quando começou? Terá sido em janeiro também?

A risada começa por causa de uma piada ou com alguém engraçado.

Alguns, nem sempre, começam sendo o que são:

O pintinho começa sendo um ovo.

O sapo sendo girino e, a borboleta, lagarta.

E existem uns começos que não aparecem:

A árvore começa embaixo da terra, as nuvens encobrem o começo do céu.

E o mar? Começa ou acaba na areia?

E o vento? É mistério. Às vezes começa antes da chuva, de vez em quando começa por nada.

A luz vem depois da sombra.

A invenção depois da ideia.

A festa começa quando a música se inicia e o povo vai chegando.

A noite começa quando o sol vai embora.

O dia vem com o canto do galo e a aurora começa tingindo o firmamento.

A ideia começa após o pensamento.

A arte se inicia depois do talento.

O amor começa após o olhar.

A vida começa depois do encontro.

E... quando Deus tarda, vem chegando!...

Para quem tiver interesse em conferir mais criações da autora, acesse a página:

https://www.facebook.com/escrevereminhaarte?mibextid=b06tZ0

 

 

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