Cadeira n° 4
DELMIRO AUGUSTO DA CRUZ GOUVEIA
Foi um exemplo a ser seguido. Delmiro Augusto da Cruz Gouveia (Delmiro Gouveia). Nasceu em Ipu a 5 de junho de 1863, no Município de Ipu, Estado do Ceará. Na Fazenda Boa Vista nas cercanias cearenses. Foi batizado pelo Padre Coadjutor do Vigário da cidade vizinha de Santa Quitéria por ocasião da desobriga, ali, no casarão daquela fazenda.
Era filho do Major Delmiro Porfírio de Farias, morto a 2 de dezembro do ano de 1867, na Guerra do Paraguai. A mãe era de procedência pernambucana, D. Leonilda Flora da Cruz Gouveia. Ficou conhecida pelo apelido de Curica nos sertões do Ipu e Santa Quitéria, onde viveu poucos anos, voltando para sua terra natal, após a morte do herói Major Delmiro de Farias, nome dado posteriormente a uma das ruas de Fortaleza.
Delmiro em Recife passou a comprar algodão e couro no interior do estado de Pernambuco. Fundou mais tarde, em 1896, a firma Delmiro Gouveia & Cia, em Recife a Rua do Braun, com o capitalista Antônio Carlos Ferreira da Silva, diretor gerente do Banco de Pernambuco.
O Mercado DERBI, instalado por Delmiro no centro de Recife era um estabelecimento comercial que imitava hoje os grandes mercantis, um avanço na história comercial do País. Delmiro Gouveia era “O Rei das Peles”, pioneiro do aproveitamento da Cachoeira de Paulo Afonso e fundador da cidade industrial de Pedra, que hoje tem seu nome.
Iona & cia. Foram os incorporadores da 1ª e 2ª reuniões de Assembleia Geral para instalação de fábrica de linhas. Todas as providências foram tomadas para a fabricação dos tipos de linha e fios - escolhidos a marca, bem como o símbolo - somente os carreteis eram importados. A primeira fábrica de linhas que se chamou de “Linhas Estrela” no sertão, aproveitando o homem e a matéria-prima era de Delmiro Gouveia. A firma passou a ser chamada de Agro-Fabril Mercantil. Em 1903 Delmiro passa a residir em Pedra desenvolvendo grandemente a Indústria de Linhas. Passou a comprar gêneros e peles mudando assim um pouco as atividades referentes à linha.
Delmiro faleceu num, a quarta-feira, 10 de outubro de 1017, vitimado por um assassinato dos seus concorrentes. Um crime que deixou a população daquela cidade apática e revoltada. Morreu assim Delmiro Gouveia. Na tarde do enterro de Delmiro, muito concorrido, demorado, solene como nunca mais se viu nas ruas de Pedra.
Um cantador fez espalhar pelo Nordeste esta inspirada quadra:
“Quando o enterro de Delmiro
Foi pela rua passando
Parece que a gente ouvia
A cachoeira chorando...”
O povo que presenciou essas cenas e quem conheceu Delmiro, em vida, jamais esqueceu o grande ídolo. E, para que ele ficasse eternamente lembrado pela posteridade, foi erigido no lugar de sua morte um marco cuja lápide se lê esta inscrição: “Aqui o evangelizador dos sertões e fundador de Pedra Delmiro Gouveia, tombou mortalmente ferido pela bala homicida de sicários assalariados, no dia 10 de outubro de 1917.
Hoje Pedra tem o seu nome e na cidade de Ipu, município onde Delmiro nasceu, existe uma praça com o seu nome e no centro um busto edificado em sua homenagem.
O lugar onde Delmiro nasceu, hoje distrito de Pires Ferreira, a localidade de Santo Izidro passou a ser chamada de Delmiro Gouveia e ainda no Ipu uma escola de Ensino Fundamental e Médio leva o seu nome.
Em Fortaleza na Praça dos Mártires (antigo Passeio Público) em seu preito foi arvorado o seu busto entre outros mártires já existentes no logradouro.
Fonte:
MOURÃO, Sebastião Valdemir et al (Org.). Livro dos Patronos da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes. Fortaleza: Premius, 2010. Págs. 19 a 21.