Poesias
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Kleber Viana Torres

Poeta Ipuense

 

 

A passagem no nordeste

Da chuva pra estiagem

Transforma a paisagem

De maneira radical

E o que era normal

Sofre um revés na sorte

E tudo fica sem norte

Numa mudança sem igual 

Causando aparente morte

No seu reino vegetal

       

Seca a água dos riachos

E dos pequenos Barreiros

Seca a folhagem da mata

E os arbustos do terreiro

As arvores sem alegria

Enfrentam sua agonia

Num  instinto de defesa

Fazem quimioterapia

E soltam em assepcia

As folhas que estavam presas

 

O sol parece que encurta

Sua distância para a Terra

O ar fica seco e quente

Com fome, o animal berra

As aves de arribaçao

Com raríssima exceção 

Batem asas e vão embora

E pra aumentar a saudade

Tem o canto de vaidade

Da cauã e a sericora

 

Das aves que sobrevivem

A esse inóspito ambiente

Há umas que se destacam

E encontram seus nutrientes

Como o canário, o concris 

A rolinha, a cordunis

E o bem-te-vi valente

Sem esquecer a formosura

Da ema  com sua estatura

E o seu cantar estridente

 

Também na vegetação 

Há plantas bem resistentes

Suportam a falta d'água 

Por isso são diferentes 

Dão sombra, folhas e frutos

Num contraste absoluto

A aridez não se entrega

Mostrando pro camponês 

Que mesmo na escassez

Existe exceção a regra

     

E é isso que dá força

Pro homem seguir lutando

Com fé, saúde e suor

A fauna é a flora ensinando

Que em cada ocasião 

Deus nos dá uma lição 

O provimento, um aporte

E eis aqui uma verdade

Seja no campo ou cidade

O nordestino é um forte.