Poesias

Kleber Viana Torres

Poeta Ipuense

 

Ôh velha casa de taipa

Tu me abrigaste criança

No teu chão engatinhei

Caminhei na minha infância

Hoje estás diferente

Pois pra ser sobrevivente

Ao tempo que tudo acaba

Foram feitas maquiagens

Mas a tua antiga imagem

Eu trago como lembrança

     

O teu piso de tijolos

Tinha poucos pavimentos

Tuas colunas de aroeira

Era o que dava sustento

As paredes esburacadas

E as velhas telhas quebradas

Em caibros cheios de curva

Me lembro até das goteiras

Que molhavam a rede inteira

Em uma noite de chuva

     

Tuas portas de duas bandas

A dispensa a camarinha

Os potes sobre forquilhas

As ancoretas a quartinha 

A lamparina sem asa

Um ferro aquecido a brasa

Pra vestimenta engomar

Lata furada era o jarro

E as panelas de barro

Para o feijao cozinhar

     

Me lembro com emoção

Daquele velho fogão

No alpendre da cozinha

Eu botava lenha nas brasas

E a fumaça enchia a casa

Saia na porta da frente

O cheiro denunciava

A qualquer um que passava

Que naquele lugar se estava

Preparando um café quente

     

O chiqueiro das galinhas

E uma árvore como puleiro

Um surrão cheio de farinha

E uns capotes no terreiro

O moinho, a prensa e o pilão

A foice o machado e o facão

E uma cuia pra tomar goles

Não esqueço o beliscão

Que até rasgava o calção

No banco das pernas mole

     

Hoje olho admirado

Te comparando ao passado

Vejo que estais diferente

Dou graças por existir

E assim me permitir

Que te visite, contente

Sei que também estou mudado

Porém em ti atrelado

Pois joguei no teu telhado

Todos meus primeiros dentes.

Parte inferior do formulário

 

Mais artigos do Autor.