Paulo Veras (Poeta ipuense)
O AMOR EXCEPCIONAL
Numa esquina qualquer duas vidas e um destino
Juntavam-se no amor em meio ao desatino.
A multidão de autômatos passa sem nexo,
Num burburinho rude, anônimo, complexo...
Veículos ruidosos correndo ao seu rumo
Espalham no ambiente as esteiras de fumo.
Poluição do ar, sonora, visual...
Mas, nem todos percebem tudo por igual.
No romance de amor que aqui vai versejado,
A moça é surda-muda e é cego o namorado.
Ela sem escutar, ele sem nada ver.
Desde sempre, sem culpas, no mundo a sofrer.
Uma conjugação de forças do Universo
Aos dois, do sofrimento, quis mostrar o inverso!
Tentava atravessar a Rua o cego, só.
Passavam transeuntes sem dele ter dó.
Alguém pegou-lhe a mão, conduzindo seus passos.
Naquele caminhar tocaram-se nos braços...
Seguiram lado-a-lado, após a travessia.
Na “química do amor”, um grande amor nascia...
E os dois, que nem sabiam o que era essa emoção,
Conheceram do amor o gosto, desde então!
Dali em diante, nunca mais andaram sós!
Do par: ela se fez luz, e ele o porta-voz.
Aprenderam do Braille e Libras a Ciência
E ensinando asseguram sua sobrevivência.
Não eram mais, agora, o cego e a surda-muda.
Mas, um casal feliz movido à mútua-ajuda.
Pouco tempo depois, dos Céus vem novo alento!
Nascia no seu lar lindíssimo rebento,
Forte e saudável, corpo e mente em harmonia.
Agora, os dois são três e um trino de alegria!
Louvado seja Deus: Santíssima Trindade!
Que protege e abençoa casais de boa-vontade.
Até entre as cruéis surdez e escuridão
PÕE TÃO PERFEITO E AFÁVEL TRAÇO-DE-UNIÃO.
São Paulo, 19 de dezembro de 2020
PAULO Fernando Torres VERAS