José Maria Bonfim de Moraes
Titular da Cadeira Nº 21 - Patrono - Abdoral Timbó
Há 17 anos Felipe Ferreira de Moraes, meu pai finava-se. No mesmo mês que nos levava para nos longes de sertão. Sempre ou quase sempre íamos para o Riacho do Mato. Uma espécie de Domus Mater da família Bonfim, Leitão, Moraes, Araújo, Lopes, Bezerra e outras que se ajuntavam. Era o nosso Pentecostes, o tempo da colheita. O presente que Deus fazia brotar do chão. Era o milagre da natureza se derretendo em nós. Quando retornávamos vinha-nos cheios de afeto e ternura. Hoje a alegria se fez pranto. E a saudade sofrida fez morada em nos. Hoje vemos está clareira fazia. Murcha. De brasas frias. Solvet saeculum In favila. Tudo dissolvido em cinzas . De repente das brasas frias. Do fogo mudo, surge uma pobre fumaça. Anunciando a nossa dor. A nossa saudade que corrói a nossa alma. Um vazio que nos fez perder o julho saudoso. O julho alegre com o verde espalhado por todo canto. E quando no cair do dia, a noite balbuciava suas primeiras palavras, o céu se tingia de estrelas. Estrelado espreitando a ponta da lua que brotava atrás da mata. De repente surgia uma viola. De repente um exercito desafinado de cantores de todas as idades. Não tinha luz elétrica. Luz bastava o clarão da lua. Brilho um punhado de estrelas. E se a noite esfriava, brotava um amor que se espalhava em cada um de nos. Hoje muitos dormem sob o clarão divino. E meu pai vive no clarão de amor do meu coração. E do coração de todos os filhos. Deus é bom!