Crônicas
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José Aírton Pereira Soares

Titular da Cadeira Nº 40 - Patrono: Joana Paula Vieira Mimosa

Em setembro de 2022, o então ministro Paulo Guedes, aparece (ou querendo aparecer) querendo vender nossas praias.  Agora, a polêmica: a *PEC das Praias* , como vem sendo chamada, passou a ser considerada como um mecanismo para privatizar as áreas à beira-mar, que pertencem à União.

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E o que será dos `farofeiros´ se esse PECado acontecer?

Pelo sim, pelo não, leia minha crônica abaixo. 

É curta! Curta!

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*OS FAROFEIROS*

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Gosto da autenticidade dos "farofeiros". Despregados de qualquer convenção social, constroem em torno de si e de sua comunidade um verdadeiro quartel de convivência singular.

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Barulhentos, anti-higiênicos, seja lá o que for, ao chegarem à praia com suas provisões: apetrechos logísticos (redes, panelas, churrasqueiras, carnes, sal e som); filharada "caneluda e remelenta" e a indispensável garrifinha do "celular"... quanta felicidade!

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Isso é que importa.

- "Farofeiro" à vista!

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Quase sempre fugimos. Eles nos incomodam. Tenho impressão de que incomoda mesmo é o nosso papel profissional e status social. Lá, bem escondidinhas, na medula do inconsciente existem em cada amante da etiqueta, com certeza, conexões desejosas em lambuzar a alma de farofa.

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Concluo esta apologia citando Osman Lins, em Problemas Brasileiros, que diz assim: "Só existem, no Brasil, duas coisas verdadeiramente democráticas: a praia e a literatura. Estão sempre abertas a quem chega e ninguém paga entrada".

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A praia, infelizmente, não é mais. Alguns prefeitos começam a enxotar banhistas pobres (os "farofeiros" que levam frango assado para comer com areia). Mas a literatura continua sem prefeito, se bem que não falte quem se apresente para delegado.

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03.06.2024