Crônicas

 

José Solon Sales e Silva
Titular da Cadeira Nº 34 - Patrono: Cônego Francisco José Aragão e Silva

 

 

              Não sabia que o sítio do Sr. Antônio Cícero, na Várzea do Giló, em Ipu, chama-se Sítio Várzea do Giló. Sou bem mais novo, mas dormi muitas e muitas noites na Várzea, na casa do Sr. Antônio Cícero.

            De tantas e tantas terras que o Cel. Raimundo Aragão era dono, o sítio acabou sendo herdado por sua filha mais velha, D. Anísia que era casada com o Sr. Antônio Cícero e Silva  e de quem fui hóspede dos dois, por muito tempo, em Ipu e na Várzea. Sr, Antônio Cícero igualmente foi hóspede por muitos anos na casa de meus pais, na Rua Professor Nogueira, 737, em Fortaleza. Ele na casa dos 80, vinha regularmente a Fortaleza comprar sapatos e vestidos para crianças para vender em seu comércio no Ipu.

            Pois bem, na casa do Bertim, neto do Cel. Aragão, em Paracuru, há uma mobília antiga, uma cantareira, que era do Sítio Várzea do Giló. A cantareira certamente encomendada por D. Cândida Carvalho Aragão, esposa do Cel. Aragão. Joaninha, minha irmã, sempre foi de preservar e valorizar tudo, trouxe a cantareira para Paracuru. Bertim não valorizava estas peças, mas repsitava as vontades da esposa. Fato é que até hoje a cantareira esta lá. Linda, altiva, inteira. Madeira de lei, como se diz.

             Um dos Aragão, confrade de nossa Academia, registra com pripriedade que Francisco Carvalho Aragão oterceiro filho do casal José Raimundo Aragão Filho e de D. Maria Cândida Carvalho Aragão, ceretamente prima de Milton de Souza Carvalho. Quem é ipuense deve saber. Então o Francisco nasceu em Ipu em 8 de dezembro de 1907. Foi homem habilidoso a frente do seu tempo e apreciador das novas descobertas científicas. Foi ele o segundo irmão de D. Anísia, mãe do Bertim, meu cunhado.

            No Sítio de seu pai, na Várzea do Giló renovou uma casa de farinha construindo um moinho de pilar café e arroz, movido a enérgia hidráulica, de vez que a casa de farinha encontra-se a poucos metros do riacho Ipuçaba que corta a propriedade. Foi um dos pioneiros no Ipu a realizar o aprovietamento das cascas de arroz e de café trasformando-as em adubo para as plantações. (ARAGÃO, 2016).

            Tempos idos e vividos. D. Cândida certmente ainda era viva. A cantareira ainda existe. Joaninha preserva e conserva com lindos potes secos que vinheram das Alegrias, lugar de excelentes louceiras em nossa Ipu. Os potes hoje são secos, mas a cantareia esta lá.

            Preservar a história e os costumes é preciso. O Casarão do Sítio Várzea do Giló, tem perto de 200 anos é patrimonio do Ipu e a construção é em taipa. Continua em pé, firme e altaneiro. Pena que a edilidade e a sociedade ipuense não valorizem, mas ainda assim viva a memória e a cultura. A casa da cantareira segue em pé!

Coco, 22/01/2024

Dia de Santo Anastácio, padroeiro de Tamboril.

Referências:

ARAGÃO, Luis Pessoa (Org.). Contribuições a genealogia da família

Aragão no município de Ipu, Ceará. Fortaleza: Premius, 2016.

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