Crônicas
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José Solon Sales e Silva
Titular da Cadeira Nº 34 - Patrono: Cônego Francisco José Aragão e Silva

 

            Pensem numa fibra intensa, reta, direta, braba. Tesuda, por quê não dizer. Socorro, minha irmã, como ela mesma se auto denominou, sempre foi de fibra. Em criança, lá pelos anos cinquenta do século passado, foi muito doente. Dona de todos os males daqueles tempos. Venceu todos e tornou-se uma mulher de fibra.

            Ajudou nossa mãe e nosso pai a educar-me. Foi maravilhosa. Com ela aprendi a cortejar uma mulher, a ser sempre educado e ela foi a melhor professora de dança que um jovem poderia ter. Valores passados. Linda Socorro. Braba e exigente sempre. Meu amor por ela sempre foi imenso. Minha boa a paciente professora nos modos, no comportamento social, no ser.

            Casou-se com um cearense que morava no Rio de Janeiro. Levou-a embora. Depois amei, porque passamos a passar as férias escolares no Rio. Nosso pai amava aquelas férias, principalmente a Casa de Rui Barbosa, que quem era fã. Também, ele era professor de História e gostava de ir ao berço da história brasileira.

            Mulher de fibra é Socorro. Quando jovem adolescente jogava bola na rua com os ex presidiários, o que era um escândalo duplo nales idos. Quando profissional adotou um paciente com aides, no serviço público, no extinto IPEC (Instituto de Previdência do Estado do Ceará)  e o ocaolheu, atendeu e cuidou deste paciente até sua morte, quando foi chorar o morto.

            Mulher de fibra!!! Passou por muitas atribulações de falências. Certamente muitos sofrimentos. Passou por muitas risadas sinceras e gostosas Viveu e vive bem, criou dois filhos lindos e fortes. É minha irmã querida e amada.

            Mulher de fibra, de muita fibra. Atribulações todos as temos, uns mais, outros menos. Nossa mãe era muito devota, muito católica, até diria ao extremo e nomeou sua terceira filha de Maria, do Socorro. Nossa Senhora do Perpétuo Socorrro, invocação mariana criada pelo Papa Pio IX, em 1867 e que veio a laurear minhs terceira irmã, mulher de fibra, corajosa, zangada, dócil, carinhosa. Passou por muitas atribulações e vive feliz.

            De espírito alegre, leve, vivo, acolhedor sempre tratou o outro com respeito, admiração, caridade. Não é para menos, uma jovem adolescente que jogava bola com os ex presidiários nunca teve preconceito. Se fosse jovem nos dias de hoje certamente integraria a seleção brasileira de futbol feminino. Como o nosso pai, sempre esteve a frente do nosso tempo. Alegre, divertida, nunca se fez de rogada. Ruim como eu para gravar nomes de pessoas, conversa com todos. Herdou da nossa mãe este hábito e quando reencontrava a pessoa não lembrava o nome. Inteligente chama a todos de “Lindinha” ou “Lindinho” o que levou seus sobrinhos a apelidá-la de Lindinha. Minha Lindinha, nossa Lindinha. Mulher de Fibra, de muita fibra e muito amada.

Porto das Dunas, 13/10/2023