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Eis o livro sobre o lendário Paulo Marcelo Martins Rodrigues (1933-1989), que nos deixou a 35 anos. Não é difícil se falar sobre este talentoso e brilhante médico. Difícil é dizer algo novo ou diferente do que tantos já disseram. De importante o livro nos traz uma visão de um médico, que nos deixava perplexo diante de sua maneira de cuidar. Sem dúvida encontraremos erros. Falhas. Desacertos. Mas o nosso objetivo é resgatar a imagem deste esculapio tão diferente. Aliava o seu saber médico, com seu despir total, para abraçar os pacientes. Aqui relatamos os inúmeros desafios que presenciamos. O outro é a gratidão que se enrosca na saudade. O vazio. O abismo vestido de solidão e esquecimento. O médico nunca foi devidamente valorizado neste país. Alguém já o comparou como produto sem valor. Não é de admirar que o Brasil seja o campeão no mundo de assassinato. A Vida, como o Médico, vêm em patamar inferior. E por fim, porque eu o amava muito. Fui seu aluno. Fui seu paciente. Fui seu médico. E por fim o seu amigo. Iria com ele ao Incor. Era domingo, quando seu filho Dr Cabeto, hoje um médico famoso, me disse que seu pai estava com Edema Agudo do Pulmão. Disse para levá-lo ao Prontocardio. Ao chegar ao hospital me deparo, com uma cena que não me deixa até hoje. Olhos fundos. Olhar distante. Peito arfando. Mas erguido. De repente ele diz: não vai ter ressuscitação. Nunca na minha vida, vi tanta coragem. Lembrava os mártires dos primórdios da Igreja. Não caiu. Não desabou. Com tamanha dignidade, a morte era incapaz de destruí-lo. Não se desarmava. Tombava como heróis inscritos no rosto divino da humanidade. E finalmente um gesto de gratidão. Devo muito ao Paulo Marcelo. Foi tudo na minha formação médica. Sem o seu brilho, mas a vontade imensa de colocar o paciente em primeiro lugar. O livro deverá sem lançado em agosto. Deus é bom!