*Mais uma amostra, do conteúdo, dos filhos de Ipu e sua gente...*
CASULO DA POETISA
(Autora: Corrinha Lima)
Há pessoas que são como beija-flores, estão aqui e ali fazendo a diferença por onde passam. Ora estão ensinando aqui; ora estão aprendendo ali; ora estão acalentado; ora estão aconselhando; ora estão compartilhando o que tiverem para oferecer e, assim levam a vida, como um colibri, que de flor em flor vão se alimentando e semeando seus sentimentos, despretensiosamente, que até podem esquecer de olhar ao redor e ver o quanto fecundaram de carinho e cultura por onde conviveu.
Talvez assim possa ser descrita, um pouco, da obra de Corrinha Lima. Em muitos deixou marcas e bastante produziu: cordéis, discursos, poemas, crônicas, causos e, assim como um guainumbi ia polinizando, de flor em flor e, desprendidamente deixava o conteúdo dos seus sentimentos, por aí.
E os papéis que voaram, como folhas ao vento, posteriormente alguns foram resgatados, como uma homenagem ao legado de Corrinha Lima.
E assim, com o pouco que conseguiram recolher, os filhos da autora (Rosana, Lima Neto, Aldânia, Humberto Jr e Lorena) demonstraram o muito que ela proporcionou, revivido no livro (in memmorian) Casulo da Poetisa.
Depois que o li, como um presente adicional, encontrei entre minhas recordações, um dos poemas que ela me presenteou... É, Corrinha era assim, retirava do seu coração o presente mais bonito que alguém pode dar: seus sentimentos.
E o livro consegue apresentar um pouco de cada faceta de Corrinha. Lá está a mulher guerreira, que pega as rédeas de sua vida e segue adiante. Rindo na adversidade e, também, chorando de felicidade. Estão também as reflexões da saudade, da sociedade, das datas representativas, das indagações da vida... estão os momentos introspectivos, os deslumbres com a natureza e as coisas do coração.
Há as memórias de infância, as recordações ternas, as conversas com Deus, o apego à família, as singeleza da vida e o cotidiano da lida. Identifica, em simples momentos do cotidiano, agradáveis temas para eternizar e compartilha sentimentos que estão no recôndito do seu coração.
Claro que, o afeto ao seu berço é cantado e decantado e também, no livro, são encontrados pedaços de suas demonstrações de carinho aos lugares que exerceu o magistério.
Também há o cantinho dedicado aos amigos e sua faceta de compositora. Enfim, nas páginas do livro é encontrado um pouquinho do tanto que a autora deixou e conseguiu ser resgatado. Como uma colibri, beija-flor, guainumbi, designações para uma mesma espécie de ave, Corrinha semeou, fecundou, proliferou e voou, espalhando sua mensagem, sedimentando amizades que, merecidamente, parte delas foram, postumamente, capsuladas em um livro, no Casulo da Poetisa.
Segue, então, uma amostra do que pode ser apreciado:
MÃO
De quem é está mão
Que nos denota beleza?
Apertando saberás
Quando sentires firmeza.
Mão que faz o sinal da cruz
Mão estendida carente
Mão que ampara o velhinho
Mão que cura o doente.
Mas... cuidado com a mão
Que fere a face da gente
Mão que castiga o mais fraco
Mão que oprime o indigente.
NOSSA CALÇADA
...
Lá fazemos nossos planos
Lá nos curtimos com alegria
É lá a nossa maior euforia
Uma verdadeira cumplicidade
Existe um bem-querer de verdade
Mesmo divergindo de vez em quando
A gente se diverte e vai falando
De tudo que no dia aconteceu
São risos, alegrias, apogeu
São adultos, adolescentes e toda a meninada
É o melhor lugar do mundo -
"A Nossa Calçada"
...
SAUDADE IPUENSE
...
Vejo na minha lembrança
A Igreja altaneira
Tremulando a Bandeira
Anunciando as novenas
A "Banda" sempre tocando
O meu coração palpitando
Nas tuas tardes amenas
...
ERAM SOMENTE MATAS
...
Surgiram mais tarde que beleza
Poetas, músicos, escritores
Maestros, artistas, os pintores
Arquitetos natos a nos maravilhar
Da oca de Arakém pra além-mar
Correram o mundo e à terra voltaram
E aqui outra vez encontraram
A velha "Taba" firme no lugar
...
EDUCANDO
...
Agente aprende também
A gente se surpreende
Com o saber de alguém
O universo da cultura
Transforma a criatura
E o horizonte vislumbra
Faz a treva clarear
Faz o homem acreditar
Que é possível vencer
Que a força do saber
É também participar