Abilio Lourenço Martins
Ludwig van Beethoven
Bonn, Alemanha – 16 dez 1770
Viena, Áustria – 26 mar 1827
Se passássemos o olhar pelas biografias, comentários, críticas ou estudos sobre músicos e suas obras, veríamos com surpresa como a palavra “gênio”e seus derivados inundam uma boa parte desses escritos.
A genialidade, infelizmente, é dom que raramente faz parte da produção humana de ideias, na arte em geral, e deveria guardar-se para aqueles escassos seres humanos que realmente a merecem.
Portanto, perfeitamente aplicável, indubitavelmente, à Ludwig Van Beethoven.
Todas as fontes estão de acordo em que foi um menino prodígio, aptidão que lhe causou inúmeros dissabores, a começar pela vontade do pai de fazer dele um segundo Mozart (1756 – 1791).
Aos 17 anos sua fama começou a transcender . Foi enviado para Viena para aprimorar os seus estudos subsidiados pelo arquiduque da Austria. Em Viena teve como professor o grande músico e compositor - Joseph Haydn (1732 – 1809). Entusiasmado com o talento latente de Beethoven, Haydn o levou a presença do inigualável Mozart que, após ouví-lo e sentir a grandiosidade do jovem alemão, assim se expressou: "Não o percam de vista, um dia há de dar que falar".
E, sobre o Papai Haydn (assim o chamava), Beethoven se expressou: “Recebi das mãos de Haydn o espírito de Mozart”.
Em 1796, aos 25 anos surgiram os primeiros sintomas da grande tragédia - a surdez. Na volta de uma turnê, começou a queixar-se, e foi diagnosticada uma congestão dos centros auditivos internos. Escondeu o problema de todos o máximo que pôde. Só dez anos depois, em 1806, revelou o problema em uma frase anotada nos esboços do Quarteto no. 9: "Não guardes mais o segredo de tua surdez, nem mesmo em tua arte!".
Beethoven nunca se casou, e sua vida amorosa foi uma coleção de insucessos e de sentimentos não correspondidos. Apenas um amor correspondido foi realizado intensamente, e sabemos disso exatamente através dessa carta, escrita em 1812. Nela, o compositor se derrama em apaixonadíssimos sentimentos a uma certa "Bem-Amada Imortal":
"Meu anjo, meu tudo, meu próprio ser! Podes mudar o fato de que és inteiramente minha e eu inteiramente teu? Fica calma, que só contemplando nossa existência com olhos atentos e tranqüilos podemos atingir nosso objetivo de viver juntos. Continua a me amar, não duvida nunca do fidelíssimo coração de teu amado L., eternamente teu, eternamente minha, eternamente nossos".
A identidade da "Bem-Amada Imortal" nunca ficou muito clara e suscitou grande enigma entre os biógrafos de Beethoven. Maynard Solomon, em 1977, após inúmeros estudos, concluiu que ela seria Antonie von Birckenstock, casada com um banqueiro de Frankfurt.
Sua obra é vasta:
Nove sinfonias, sendo a mais popular a “Nona Sinfonia”;
32 sonatas, com destaque para a “Opus 27” (Sonata ao Luar);
5 concertos (piano, violino), além de músicas de câmara.
Beethoven impressionou os contemporâneos, além de sua arte, pelas manifestações rudes de sua independência pessoal. Em torno de sua forte personalidade formaram-se lendas, destinadas a salientar os sofrimentos e a grandeza dessa grande lenda.
A história musical o reconhece como o maior e mais influente compositor erudito do século XIX.
Observação:
Interpretando a belíssima “Sonata ao Luar”, o acadêmico Emmanuel Teófilo Furtado Filho, titular da cadeira número 10, da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes.