A EPOPEIA DE ROBERT

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Fabricante: MARIA SILONILDES DE MESQUITAMARIA SILONILDES DE MESQUITA

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A Epopeia de Robert

Editora: Premius Editora

Ano: 2020

Gênero: Literatura brasileira - contos - fábulas - crônicas

 

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Comentário da crítica literária - Raquel Lima Damaceno

Um livro suave, tanto no conteúdo, quanto na concepção visual.

Apesar de parecer voltado para o público infanto juvenil, já na dedicatória a autora orienta agradecermos a nossa criança interior, aquela criança que nos acompanha no decorrer da nossa vida e, provavelmente, seus contos e fábulas são voltados para lembrarmos dos sonhos e valores que possam ter sido atropelados no caminho.

Talvez por disso, apesar do conteúdo lúdico, queria deixar que seu recado também falasse aos corações já crescidos e assim, parece adotar uma linguagem intermediária: nem tanto infantilizada, nem tanto adulta.

Não sei se o livro chegou a ser adotado como paradidático, mas até poderia ter alguns de seus textos transpostos para atividades motivacionais e cidadania, na perspectiva do espaço escolar.

Os contos e fábulas de Silonildes evocam a importância do sonhar, da persistência, da união, da colaboração, inspirando crianças, e até jovens, a quererem se reconhecer em outras histórias, outros ambientes.

É necessário também atentar para a concepção visual das ilustrações internas, bem como a composição das cores da capa do livro que foram bem pertinentes com o conteúdo: desenhos delicados e um jogo de cores suaves mas, ao mesmo tempo, marcando presença, fazendo seu papel de atrair o leitor para dar vontade de ler o que está por trás de sua capa. As ilustrações de Klaudiana são uma "linguagem" à parte. Quando vi o desenho que fez da d. Pata, viajei para um dos livros de contos que vi no Jardim da Infância...

Os traços dos desenhos delicados e suaves, acompanham a mensagem leve que o livro enfatiza. Desenhos leves como devem ser os bons sonhos e a intenção otimista que leitura intenciona repassar.

No decorrer de seus textos, a autora vai demonstrando sua visão de mundo e sua escrita parece transparecer juízos de valores repassados através da postura e comportamento dos personagens.

No primeiro conto (A Epopeia de Robert), fiquei curiosa para saber o porquê do nome Robert e da característica física do cabelo ruivo, que é uma rara peculiaridade. No decorrer da história, justifiquei para mim que essas características poderiam corresponder com a singularidade da personagem afinal, logo de início, Robert é apresentado como um menino muito diferenciado, tanto por sua educação, dedicação, determinação, enfim, um garoto sonhador e esforçado que, de "um limão, faz uma limonada". Tão diferenciado que, do alto dos seus 13 anos tem pensamentos que poderiam ter sido declamados por conselhos motivacionais, além de demonstrar um pensamento bem adulto (além da idade dele), a ponto de dizer que "a saudade é um alimento vão de um espírito desocupado"...

Apesar do tema edificante desse conto, confesso que fiquei com dó do garoto não ter podido curtir muito a sua fase infanto-juvenil, uma importante etapa da vida; por outro lado passa um recado de que Robert e sua postura pode ser exemplo para outros em situação parecida, embora não seja a situação ideal, pois nem todos podem contar com um golpe de sorte, além do empenho. Mas não vem ao caso contar o desenrolar dessa narrativa.

Aqui, cabe um parêntese: é muito bom quando estamos lendo e temos a satisfação de depararmo-nos com uma escrita gramaticalmente fluida, principalmente na perspectiva ortográfica; essa sensação tive lendo esse livro, cuja escrita de Silonildes parece demonstrar o cuidado da autora na elaboração das frases.  Afirmo isso ciente das minhas falhas onde, à procura de melhorar, costumo deparar-me com erros até em jornais e revistas oficiais. Claro que não podemos imputar um controle e rigidez em textos coloquiais e escritos cotidianos, mas é lamentável quando encontramos falhas em veículos que deveriam servir de referência. Felizmente temos excessões.

Além do cuidado gramatical a autora deixa sentirmos, nas entrelinhas, sua religiosidade emprestando, a alguns personagens, posicionamentos com esses princípios.

Após esse primeiro conto que intitula o livro, seguem algumas fábulas e contos menores, exortando virtudes como o respeito à diferenças; a valorização das qualidades dos outros; liderança e união; a importância do escutar mais que o ouvir; o benefício de semear bondade enfim, apregoa virtudes e o bem estar em um mundo mais harmônico, através da esperança de união via pensamentos e atitudes positivas, emanando amor.

Achei particularmente interessante a fábula da Águia e da Galinha que aponta o mal que energias negativas e a inveja de pessoas inseguras, com o sucesso dos outros, pode causar. Um tema recorrente, até nas leituras bíblicas.

Interessante a releitura que a autora fez, com alguns personagens do Mágico de OZ, no conto Dorotéia e o Mundo dos Sentimentos; nesse conto ela também parece demonstrar o que seria o colégio ideal, quando descreve a Escola Inclusiva. Suponho que sua vivência, como educadora, contribuiu para expor essas expectativas.

Achei muito simpática a brincadeira das sílabas no conto O Gato Sapecado.

Nos três últimos contos, creditados a neta da autora, a linguagem da fantasia parece falar mais alto, apesar de parecer haver uma simbiose com o contexto do livro. Denota-se a sinergia entre avó e neta.

Seguem alguns trechinhos da obra:

_"Somos diferentes e portanto temos que aceitar e respeitar as diferenças do outro. Isso não está acontecendo com você, em relação a águia. Cada uma de vocês veio ao mundo com propósito diferentes..."...

"...Cada vez mais pensam em si, fazendo suas vontades, seus caprichos e nã procuram ajudar os outros. O mundo está morrendo por falta de um sentimento enorme chamado amor..."

Tudo ali funcionava com excelência. Tinha uma enorme quadra de esportes adaptada. Sala de cinema 3D, piscinas aquecidas, salas de aula amplas com no máximo quinze crianças, professores, monitores e intérpretes, bibliotecas, sala de áudio visual para deficientes auditivos,  deficientes visuais e baixa visão. Oficinas de artes e marcenaria funcionando, refeitório amplo para os seus estudantes e acompanhantes. Comida totalmente balanceada. Sem contar que nos espaços para multimeios, estava lá toda uma equipe multifuncional como: nutricionista, cuidador, odontólogo, terapeuta ocupacional, fonoaudiólogo, psicopedagogia, psicólogo, psicomotricidade, clínico geral, neurologista e ao lado uma farmácia para servir crianças especiais..."