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Cadeira Nº 8

 

Patrona

Maria da Conceição Assis 

Acadêmico: Francisco Kleber Viana Torres (2º Ocupante)

Posse: 13 Jan 2024

Acadêmico Antecessor

Olívio Martins de Souza Torres (1º Ocupante)

Posse: 14 Jan 2006

Acadêmico Emérito: em 26 Dez 2021

 

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FRANCISCO KLEBER VIANA TORRES: BIOGRAFIA VERSADA
 
A história de uma vida
Começa no nascimento
O ano sessenta e nove
Século, mil e novecentos
No dia sete de janeiro
Nascera um brasileiro
Conforme seus documentos.
 
                  
 
Seu nome Francisco Kleber
Sangue de Viana e Torres
Filho de José e Socorro
Casal de grandes valores
Que se uniram no amor
E trabalharam com ardor
Criando seus sucessores.
 
                 
 
Tudo isso se passou
Na fazenda Marruás
Terra de seu bizavô
Que o tempo  deixou pra traz
Mas seu pai não abandonou
E nela enraizou
Dando exemplo aos demais.
 
                 
 
Kleber cresceu no sertão
Vendo a lida com a terra
No Nordeste é mais dificil
Pois quase sempre se erra
Se não chover, adeus sorte
E se o cabra não for forte
Estará perdida a guerra.
 
                     
 
Aos doze anos de idade
Foi pra cidade estudar
Sua mãe já lhe ensinava
Mas tinha que melhorar
Pra não continuar no mato
No colégio Patronato
Veio se matricular.
 
                     
 
Assumiu o primeiro emprego
Aos quatorze anos de idade
Passou em uma peneira
Com muita facilidade
Se sentindo um herói
Foi ser officie boy
De um banco da cidade.
 
                      
 
Morou em Campina Grande
Atraido por trabalho
Arriscando sua sorte
Sem nem botar um baralho
Sendo um ano sem sucesso
Preparou o seu regresso
Pra quem lhe deu agasalho.
 
                       
 
A vontade em desbravar
Olhar novos horizontes
Lhe fez não retroceder
E beber de novas fontes
Repleto de incertezas
Na capital Fortaleza
Foi fazer os seus remontes.
 
                    
 
Trabalhou no escritório
De uma empresa de irrigação  
Promovido para vendas
Na mesma instituição
E no setor tomou gosto
E com o suor de seu rosto
Abraçou a profissão.
 
                 
 
Vender é uma grande arte
E um constante aprendizado
Quanto mais ganha cliente
Mais se fica preparado
Com simpatia e paciência
Cada mente uma diferença
Pra dar conta do recado.
 
                  
 
E nessa vida peregrina
Que é a de um representante
Vendeu peças de bicicleta
E oleo lubrificante
Antes, na empresa Martins
Ai resolveu da fim
Na sua vida de andante.
 
        
 
No edificio do estudo
Não concluiu o seu predio
Em sua prova de titulo
Só tem o ensino médio
Pra não faltar com a verdade
Desistiu da faculdade
O que não foi bom remedio.
 
          
 
Casou-se com a Jeane
Com quem teve duas filhas
Enaltece os bons costumes
Pra edificar a família
E quando  nasceu a neta
Sonhou até ser poeta
Pois com ela, o olho  brilha.
 
       
 
Amante da poesia
Porém, bastante acanhado
Foi rompendo a timidez
Que lhe deixava travado
E agora quer seguir
Sonhando em contribuir
Com os seus versos rimados.
 
               
 
Hoje é comerciante
Na sua terra natal
Na Ipu aconchegante
Seu habitat natural
Plantando só amizades
Colhendo felicidades
Ate o suspiro final.
 
                      ( Kleber Torres)
 
DISCURSO DE POSSE em 13 de janeiro de 2024 no Salão de Atos da Academia Ipuense de Letras, Ciências e Artes, Casa Osvaldo Araújo
 

 

      Boa noite a todos!!!

       Em nome da presidente da AILCA, Henrique Augusto Pereira Pontes               saúdo todos os acadêmicos que compõe o quadro dessa instituição. Também cumprimentar todas as autoridades constituídas desta querida cidade de Ipu que aqui se encontram presentes, e por fim, em nome de meus pais José Milton e Socorro Torres, quero abraçar a cada cidadão ipuense, bendizer a cada família que com garra e determinação lutam constantemente para criarem seus filhos com dignidade.

      Quero agradecer a Deus, por este momento e por todos os acontecimentos de minha vida; e de maneira particular a toda minha família meus pais, minhas irmãs, minha esposa e filhas, agradecer aos meus padrinhos João Martins, Evander Lopes, e de uma forma especial ao professor José Solon, que ao ter acesso ao meu trabalho como poeta, além de me incentivar bastante a ingressar nesta casa de cultura, tem sido um propagador do meu trabalho através das redes sociais; por fim, agradecer a todos que me deram um voto de confiança e me elegeram membro desta academia, assumindo a cadeira de número 8.

      Tenho como Patrona dona Maria da Conceição Assis Araújo (Maria Assis) como era conhecida. Mulher esta, que entregou sua vida a prática do bem, através do ensino de qualidade, da semeadura do amor e consequentemente do engrandecimento de todo aquele que teve a sorte de por ela ser educado.

       É com muita honra que assumo também, creio que de forma inédita nesta instituição, a cadeira que era ocupada pelo Sr. Olivio Martins de Sousa Torres, acadêmico emérito, que além de uma prova de títulos extensa (funcionário de carreira do BNB, artigos publicados em jornais e revista) empreende uma dedicação ímpar, na tentativa de engrandecer o turismo da nossa terra de Iracema, tornando esta conhecida nacionalmente, através do selo dos correios que fazem alusão a nossa Bica do Ipu.

        Para mim está assumindo hoje uma cadeira na AILCA é motivo de alegria, orgulho, mas principalmente, de expectativa sobre o que será daqui pra frente, tendo que superar minhas limitações, galgar novos conhecimentos e me empenhar no engrandecimento da mesma. Sei que a forma mais eficaz de atingir meu objetivo é contribuindo com meus versos e aprendendo com cada acadêmico que faz parte deste corpo.

           Fui criado ouvindo um ditado de meus pais, que diziam: me dizes com quem andas, que te direis quem tu és, e também existe outro na gíria popular que diz :Passarinho que voa atrás de morcego dorme de cabeça para baixo. E sempre tendo como alerta esses dois ditados e considerando que a AILCA, culturalmente,  é um grande  ninho de águias procurarei ser um passarinho voando atrás das mesma, pois se assim conseguir executarei grandes voos terei minha visão mais ampliada e repousarei no mais alto patamar da cultura Ipuense.

          

  

POESIA

A BARRAGEM DO PASSADO

 

No rio da minha vida

Mergulhei contra a corrente

Me deparei derrepente

Com a barragem do passado

Nela estava represado

Tudo sobre a minha história

Momentos ruins e de gloria

Tristeza e contentamento

Relutei por um momento

Se estava mesmo acordado.

 

Fiquei muito admirado

Feliz e emocionado

Com tudo que nela eu vi

Pessoas que eu convivi

E não mais tinha lembrança

Vivencia da minha infância

Historias que eu tinha medo

Sorri dos bobos segredos

Contemplei cada brinquedo

E o lugar onde eu nasci.

 

Era um lago tão limpo

Que o fundo, eu podia ver

Mas eu pude perceber

Que apesar de transparente

Havia uma separação

Foi quando eu entendi

Que os erros que cometi

E as coisas ruins do passado

Ficavam tudo atolado

Na sujeira do porão.

 

Do contrário, as coisas boas

As boas ações e as pessoas

Que compuseram minha vida

Eu podia contemplar

Sorri, falar e acenar

Tudo muito natural

Assisti meu batizado

Os meus avós lado a lado

Os meus pais bem alinhados

Formando um belo casal.

 

Era um fato incomum

Uma coisa meio sem lógica

Eu vendo o meu passado

De maneira cronológica

Mas tudo era tão real

Que eu ainda cabreiro

Passei a mão no cabelo

Pra ver se não tinha binóculo

Pois podia ser uns óculos

Tipo tridimensional.

 

Então resolvi entrar

Neste lago da verdade

Conversar com meus amigos

Que tive na mocidade

Com sentimento de culpa

Pedir as minhas desculpas

Aqueles que magoei

Dar um abraço bem forte

Naqueles em que a morte

Levou, por que eu não sei.

 

Era uma chance única

Que a vida estava me dando

Desfazer mal entendido

Fazer mudança de planos

Reescrever meu histórico

De maneira diferente

Desviar pessoas do mau

Mostra-los outras vertentes

Pra saírem do abismo

Que se encontram atualmente.

 

Porem uma voz disse pare

Minha ordem, é que não entre

Pense, obedeça e não siga

Não seja muito insistente

Perguntei quem é você

Que me manda obedecer

De maneira prepotente?

E esta bradou mais altiva

Não há retrospectiva

Que possa mudar o presente.

 

Eu sou sua consciência

E por favor, tome ciência

Não vá contra o natural

O teu rio desses em declive

E amanhã tu não vive

Este momento atual

A barragem do passado

Se abastece do presente

E seria inconsequente

Mudar o curso normal.

 

Mas eu com a mente torta

E tomado de teimosia

Movido por euforia

Procurei um outro jeito

Foi quando vi duas comportas

Com acabamento perfeito

E ao lado umas engrenagens

Que permitia a passagem

Com níveis de regulagem

Pra água voltar ao leito.

 

Pensei, vou acionar

Mas vou abrir um pouquinho

Pois quero ver meu passado

Voltar bem devagarinho

E ficar só esperando

Os erros vou consertando

Corrigindo meus defeitos

O que não der pra corrigir

Não vou deixar progredir

E mudar todo conceito.

 

Enfim quando eu abri

A água pôs-se a sair

Foi grande a decepção

Não tinha nada concreto

Tudo era turvo e incompleto

Sem imagem e definição

Nesse instante eu consegui

Desvendar todo embrolio

As comportas eram meus olhos

E a barragem o coração.

 

           Kleber Torres

            Ipu (CE), 13.01.2024