Cadeira Nº 8
Patrona
Maria da Conceição Assis
Acadêmico: Francisco Kleber Viana Torres (2º Ocupante)
Posse: 13 Jan 2024
Acadêmico Antecessor
Olívio Martins de Souza Torres (1º Ocupante)
Posse: 14 Jan 2006
Acadêmico Emérito: em 26 Dez 2021
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Boa noite a todos!!!
Em nome da presidente da AILCA, Henrique Augusto Pereira Pontes saúdo todos os acadêmicos que compõe o quadro dessa instituição. Também cumprimentar todas as autoridades constituídas desta querida cidade de Ipu que aqui se encontram presentes, e por fim, em nome de meus pais José Milton e Socorro Torres, quero abraçar a cada cidadão ipuense, bendizer a cada família que com garra e determinação lutam constantemente para criarem seus filhos com dignidade.
Quero agradecer a Deus, por este momento e por todos os acontecimentos de minha vida; e de maneira particular a toda minha família meus pais, minhas irmãs, minha esposa e filhas, agradecer aos meus padrinhos João Martins, Evander Lopes, e de uma forma especial ao professor José Solon, que ao ter acesso ao meu trabalho como poeta, além de me incentivar bastante a ingressar nesta casa de cultura, tem sido um propagador do meu trabalho através das redes sociais; por fim, agradecer a todos que me deram um voto de confiança e me elegeram membro desta academia, assumindo a cadeira de número 8.
Tenho como Patrona dona Maria da Conceição Assis Araújo (Maria Assis) como era conhecida. Mulher esta, que entregou sua vida a prática do bem, através do ensino de qualidade, da semeadura do amor e consequentemente do engrandecimento de todo aquele que teve a sorte de por ela ser educado.
É com muita honra que assumo também, creio que de forma inédita nesta instituição, a cadeira que era ocupada pelo Sr. Olivio Martins de Sousa Torres, acadêmico emérito, que além de uma prova de títulos extensa (funcionário de carreira do BNB, artigos publicados em jornais e revista) empreende uma dedicação ímpar, na tentativa de engrandecer o turismo da nossa terra de Iracema, tornando esta conhecida nacionalmente, através do selo dos correios que fazem alusão a nossa Bica do Ipu.
Para mim está assumindo hoje uma cadeira na AILCA é motivo de alegria, orgulho, mas principalmente, de expectativa sobre o que será daqui pra frente, tendo que superar minhas limitações, galgar novos conhecimentos e me empenhar no engrandecimento da mesma. Sei que a forma mais eficaz de atingir meu objetivo é contribuindo com meus versos e aprendendo com cada acadêmico que faz parte deste corpo.
Fui criado ouvindo um ditado de meus pais, que diziam: me dizes com quem andas, que te direis quem tu és, e também existe outro na gíria popular que diz :Passarinho que voa atrás de morcego dorme de cabeça para baixo. E sempre tendo como alerta esses dois ditados e considerando que a AILCA, culturalmente, é um grande ninho de águias procurarei ser um passarinho voando atrás das mesma, pois se assim conseguir executarei grandes voos terei minha visão mais ampliada e repousarei no mais alto patamar da cultura Ipuense.
POESIA
A BARRAGEM DO PASSADO
No rio da minha vida
Mergulhei contra a corrente
Me deparei derrepente
Com a barragem do passado
Nela estava represado
Tudo sobre a minha história
Momentos ruins e de gloria
Tristeza e contentamento
Relutei por um momento
Se estava mesmo acordado.
Fiquei muito admirado
Feliz e emocionado
Com tudo que nela eu vi
Pessoas que eu convivi
E não mais tinha lembrança
Vivencia da minha infância
Historias que eu tinha medo
Sorri dos bobos segredos
Contemplei cada brinquedo
E o lugar onde eu nasci.
Era um lago tão limpo
Que o fundo, eu podia ver
Mas eu pude perceber
Que apesar de transparente
Havia uma separação
Foi quando eu entendi
Que os erros que cometi
E as coisas ruins do passado
Ficavam tudo atolado
Na sujeira do porão.
Do contrário, as coisas boas
As boas ações e as pessoas
Que compuseram minha vida
Eu podia contemplar
Sorri, falar e acenar
Tudo muito natural
Assisti meu batizado
Os meus avós lado a lado
Os meus pais bem alinhados
Formando um belo casal.
Era um fato incomum
Uma coisa meio sem lógica
Eu vendo o meu passado
De maneira cronológica
Mas tudo era tão real
Que eu ainda cabreiro
Passei a mão no cabelo
Pra ver se não tinha binóculo
Pois podia ser uns óculos
Tipo tridimensional.
Então resolvi entrar
Neste lago da verdade
Conversar com meus amigos
Que tive na mocidade
Com sentimento de culpa
Pedir as minhas desculpas
Aqueles que magoei
Dar um abraço bem forte
Naqueles em que a morte
Levou, por que eu não sei.
Era uma chance única
Que a vida estava me dando
Desfazer mal entendido
Fazer mudança de planos
Reescrever meu histórico
De maneira diferente
Desviar pessoas do mau
Mostra-los outras vertentes
Pra saírem do abismo
Que se encontram atualmente.
Porem uma voz disse pare
Minha ordem, é que não entre
Pense, obedeça e não siga
Não seja muito insistente
Perguntei quem é você
Que me manda obedecer
De maneira prepotente?
E esta bradou mais altiva
Não há retrospectiva
Que possa mudar o presente.
Eu sou sua consciência
E por favor, tome ciência
Não vá contra o natural
O teu rio desses em declive
E amanhã tu não vive
Este momento atual
A barragem do passado
Se abastece do presente
E seria inconsequente
Mudar o curso normal.
Mas eu com a mente torta
E tomado de teimosia
Movido por euforia
Procurei um outro jeito
Foi quando vi duas comportas
Com acabamento perfeito
E ao lado umas engrenagens
Que permitia a passagem
Com níveis de regulagem
Pra água voltar ao leito.
Pensei, vou acionar
Mas vou abrir um pouquinho
Pois quero ver meu passado
Voltar bem devagarinho
E ficar só esperando
Os erros vou consertando
Corrigindo meus defeitos
O que não der pra corrigir
Não vou deixar progredir
E mudar todo conceito.
Enfim quando eu abri
A água pôs-se a sair
Foi grande a decepção
Não tinha nada concreto
Tudo era turvo e incompleto
Sem imagem e definição
Nesse instante eu consegui
Desvendar todo embrolio
As comportas eram meus olhos
E a barragem o coração.
Kleber Torres
Ipu (CE), 13.01.2024