Natália Maria Viana Soares Lopes
Cantei saudades, o amor,
cantei verdades....
falei de esperanças, de carinho,
da natureza em flor;
de tudo um pouco eu versejei,
e, agora, quero cantar
a milagrosa versatilidade
de minhas mãos:
mãos pequenas e comuns,
habilidosas....
conservam, há anos,
muitos anos,
o símbolo do amor - minha aliança;
elas semeiam,
elas saram e acariciam.
Mãos carinhosas
as minhas mãos!...
também fazem o café,
mexem a panela,
cuidadosas.
Nos trabalhos caseiros,
na água ou no solo,
elas semeiam o amor.
Sujaram-se de giz,
de lágrimas e suor....
eternas companheiras
uniram-se em preces.
As minhas mãos....
de unhas enfeitadas ou bem curtas,
sabem tecer a linha
e os liames do amor.
Aprenderam, bem cedo,
a manusear o lápis
e a agulha de tricô...
digitam, no word,
em trechos técnicos ou poéticos,
elas digitam a vida.
Com o passar dos anos,
envelhecendo,
a pele enrugando,
resistentes e firmes,
glorificam a Deus
em preces de louvor.