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Cláudio César Magalhães Martins

Titular da Cadeira nº 11

 

AS GRANDES PANDEMIAS QUE ASSOLARAM A HUMANIDADE

       A Covid-19, que se iniciou há aproximadamente cinco meses na China, vem aterrorizando o mundo dito civilizado. Cumpre, no entanto, registrar que no passado (remoto ou recente) outras grandes pandemias assolaram a humanidade, com um número de vítimas assombroso. Elencamos, abaixo, as três mais letais, selecionadas por Stephen J. Spignesi em seu excelente livro “AS 100 MAIORES CATÁSTROFES DA HISTÓRIA”, publicado pela EDITORA BERTRAND BRASIL LTDA., em 2002.

  • A PESTE NEGRA (1347-1351)

Para Spignesi, a Peste Negra “foi o pior desastre a atingir a humanidade.” Entre 1347 e 1350, ela aniquilou mais de 75 milhões de pessoas na Europa, ou seja, entre um terço e a metade da população europeia. As três formas dessa praga, por ordem de gravidade, eram as pestes bubônica, pneumônica e septicêmica. As três atacavam o sistema linfático, causando aumento das glândulas, febres elevadas, dores de cabeça, vômitos e fortes dores nas articulações. Sua arma principal eram as pulgas, transportadas pelos ratos. As pulgas escondiam-se nos pelos dos ratos e pulavam para o hóspede humano logo que tinham oportunidade. Ao final de 1351, foi extinta, após devastar países como a Inglaterra, a Alemanha, a Suíça, a Áustria, a Escócia, a Noruega, a Suécia e parte da Polônia. A derrota da Peste Negra deveu-se, principalmente, ao desenvolvimento do saneamento público, que diminuiu a capacidade de sobrevivência das pulgas portadoras da praga.

  • A GRIPE ESPANHOLA (1918-1919)

            O vírus que deu origem a essa pandemia apareceu, pela primeira vez, em fevereiro de 2018, em San Sebastian, na Espanha, uma pequena cidade que ficava a cerca de trinta quilômetros da fronteira com a França. Essa origem resultou na denominação errônea de “Gripe Espanhola”, também conhecida como “Dama Espanhola.”

            A pandemia chegou aos Estados Unidos em março de 1918, último ano da Primeira Guerra Mundial. Àquela altura, a gripe já havia dizimado a Europa e a Ásia, fazendo um total de 16 milhões de mortos na Ásia e de 2 milhões na Europa. Existem muitas teorias acerca da gênese e da natureza dessa misteriosa doença. A edição do New York Times de 21 de junho de 1918 sugeria que o excessiivo consumo de nabo pelo exército alemão teria dado origem à doença, que posteriormente se alastrou pela Espanha. Já os espanhóis acreditavam que os ventos que sopravam da França eram responsáveis pelo alastramento da gripe pela Espanha. Na Inglaterra, os farmacêuticos faziam uso de quinino e canela, numa vã tentativa de conter a doença.

            No outono de 1918, o vírus chegou aos Estados Unidos e rapidamente se alastrou por seus 48 estados. No mês de outubro, foram contabilizadas 195.000 mortes. Ao todo, a “Dama Espanhola”matou, no mundo, entre 22 milhões e 40 milhões de pessoas. Estima-se que, no Brasil, tenham morrido  em torno de 35 mil pessoas, entre as quais o presidente Rodrigues Alves, eleito em 1918 e que não chegou a tomar posse. 

  • A EPIDEMIA MUNDIAL DE AIDS/HIV

A AIDS surgiu na África, na década de 1950, em meio aos macacos-verdes, e acredita-se que tenha atingido os seres humanos quando os macacos de laboratório infectados pelo vírus morderam alguns dos funcionários que os utilizavam em suas pesquisas. Um comissário de bordo homossexual, conhecido como Paciente Zero, foi o primeiro caso conhecido de ter contraído a doença.. Acredita-se que este homem trouxe a AIDS para os Estados Unidos ao final da década de 1970 e tenha infectado outros homossexuais em decorrência de sexo sem proteção. Em seguida, a doença começou a alastrar-se rapidamente na comunidade gay e disseminou-se entre mulheres e crianças tanto quanto em homossexuais.

A AIDS ataca o sistema imunológico por meio de três processos: imunodeficiência, auto-imunidade e disfunção do sistema nervoso. As doenças mais comuns em pacientes com AIDS incluem a pneumonia, o sarcoma de Kaposi (um câncer dos vasos sanguíneos) e o linfoma (câncer nos nódulos linfáticos), além de muitas outras doenças infecciosas.

Estima-se que o HIV/AIDS já matou mais de 35 milhões de pessoas em todo mundo.

Ainda não existe cura para a infecção pelo HIV, embora os tratamentos sejam muito mais eficientes do que no passado. Uma combinação de medicamentos antirretrovirais (ARVs) ajuda a combater a multiplicação do vírus e permite que os pacientes levem vidas mais longas e saudáveis, sem que seu sistema imunológico seja afetado rapidamente. Esses medicamentos também são usados como medida preventiva, para diminuir a transmissão. Estima-se que 21,7 milhões de pessoas recebam ARVs atualmente, o que significa que pelo menos 15,2 milhões de pessoas infectadas continuam sem tratamento.

C O N C L U S ÃO

Pelo acima exposto, conclui-se que a Covid-19 ainda está longe de atingir o número de mortos pelas três pandemias supracitadas. Numa visão otimista, espera-se que, ainda neste ano, pesquisadores descubram uma vacina que ponha fim a esta terrível doença. É o que almejamos ardentemente.

 

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